Da redação (Justiça Em Foco) por Mário Benisti. Foto: Mário Benisti. – terça, 12 de março de 2019
São Paulo – A Associação dos Advogados Trabalhistas de São Paulo (AATSP), realizou na noite de ontem (11) uma solenidade em homenagem ao Dia Internacional da Mulher. O evento contou com uma condecoração a personalidades que são símbolos de atuação no judiciário, sobretudo na esfera da advocacia trabalhista brasileira. A confraternização aconteceu na sede da AATSP.
Dentre as homenageadas estavam: a desembargadora Kenarik Bouijikian, as advogadas Arlete Pacileo, Carmem Dora de Freitas, Cássia Marize Hatem, Moema Baptista e Sônia Maria Bueno Martins. A presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-2), Rilma Hemetério e a secretária-geral adjunta da seccional de São Paulo da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/SP), Margarete Lopes, marcaram presença no evento. A outra homenageada, a desembargadora Ivani Cantini Bramante, não compareceu ao encontro por motivos pessoais.
Ao discursar aos presentes, a presidente da AATSP enfatizou que o dia 08 de março é um símbolo histórico de luta em defesa dos direitos femininos. “O Dia Internacional da Mulher vai além da celebração festiva. A data reforça a luta e a resistência das mulheres por direitos e liberdades democráticas em uma sociedade patriarcal, racista e desigual. É um momento de reflexão sobre lutas históricas e cotidianas, travadas por conhecidas e anônimas”, disse Sarah Hakim.
A presidente do TRT-2 avalia que é necessário aplicar no cotidiano a igualdade, para fortalecer a participação feminina na sociedade. “Uma forma de empoderar a mulher, a advogada que sempre luta pelos direitos dos outros e que nem sempre tem seus próprios direitos reconhecidos, é oferecer as mesmas oportunidades com idênticos salários e sobretudo proporcionar dignidade. Devemos estar sempre juntos, lado a lado. Mulheres lado ao lado dos homens”, destacou Rilma Hemetério.
Representando a OAB de São Paulo, Margarete Lopes ressaltou que lutar em defesa de melhoria nas questões femininas é lutar pelo fomento de todo o Brasil. “Lutar pela mulher significa lutar pela sociedade brasileira. As advogadas têm um papel fundamental de transformadoras da sociedade e da justiça. Todos somos iguais e a proposta é: trazer a concretização o direito à igualdade, que é constitucionalmente garantido”, defendeu a secretária-geral adjunta.
“Com a palavra…”
O site Justiça Em Foco conversou individualmente com as homenageadas. Em meio à euforia do momento, destacaram em unanimidade que ainda há muito a ser feito para a consolidação da igualdade entre homens e mulheres.
Carmen Dora Ferreira
Na avaliação da ex-presidente da Comissão da Igualdade Racial da OAB de São Paulo, o maior obstáculo a enfrentar é a conquista da palavra respeito, especialmente quando se trata da mulher negra.
“O maior desafio é o respeito, a igualdade em todos os quesitos, em especial com relação a mulher negra. Embora você seja qualificado, preencha todos os requisitos, em uma escala de valores a mulher negra ainda é tremendamente prejudicada e as Políticas Públicas atuais são apenas um complemento. Em muitas ocasiões a mulher negra não tem espaço para se manifestar, mas ninguém pode falar da dor de uma mulher negra, se ela não é negra, pois não consegue avaliar a problemática com a profundidade necessária”, avaliou.
Em um trecho do discurso, a presidente da AATSP enfatizou o problema da questão racial. “Queremos o resgate das mulheres negras Dra. Carmen Dora Ferreira, combalidas na caminhada e freadas nas oportunidades”, ressaltou Sarah Hakim.
Cássia Hatem
A vice-presidente Associação Mineira de Advogados Trabalhistas (AMAT) faz uma crítica a atual legislatura, que não diminui o índice de violência contra a mulher. Na avaliação da homenageada, é preciso modernizar normas como a Lei Maria da Penha e do Feminicídio.
“É preciso que haja um endurecimento na lei com relação e esses crimes. O assédio sexual, por exemplo, não deve ser mantido em sigilo pois vem ocorrendo sistematicamente. A legislação sobre o Feminicídio e sobre a Maria da Penha precisa ser modernizada, porque as estatísticas estão comprovando que as mulheres continuam sendo agredidas em um cenário que já é alarmante”, ressaltou.
Ao mencionar o nome de Cássia Hatem, a presidente da AATSP a classificou como “renomada e incansável liderança da advocacia trabalhista mineira. Com importante influência nas comunidades jurídicas contíguas, ultrapassando as fronteiras com o seu trabalho operoso”, disse Sarah Hakim.
Moema Baptista
Para a primeira mulher que comandou a Associação Brasileira dos Advogados Trabalhistas (Abrat), eleita por voto direto há exatos 30 anos, a homenagem é recebida com entusiasmo. De acordo com a jurista, os anos de dedicação ao trabalho são reconhecidos nessa premiação.
“É uma satisfação muito grande receber uma homenagem, principalmente quando se é homenageada pela Associação dos Advogados Trabalhistas de São Paulo, presidida por uma mulher brilhante que é a Sarah Hakim. Este é um reconhecimento de trabalho nesses 50 anos de militância”, enfatiza. Em seu discurso, Sarah Hakim destacou a atuação de Moema Baptista como “liderança feminina precursora dos avanços das advogadas trabalhistas no cenário nacional”.
Kenarik Bouijikian
Na avaliação da desembargadora que é uma das referências pela atuação na defesa dos direitos humanos e sociais, o princípio de igualdade entre homens e mulheres está contido na Constituição Federal (CF). No entanto, ainda é um desafio a ser cumprido na sociedade brasileira.
“O desafio que acontece em relação as mulheres é conseguir cumprir o princípio da igualdade, que está contida na nossa Constituição Federal de 1988. Esse é o maior desafio e ele se reflete em todas as situações que se pode imaginar, seja no campo privado, social ou no campo público. Na questão do público, especialmente, nunca se quis que as mulheres ocupassem esses espaços e hoje percebemos que ainda existe um descompasso muito grande. Seja na Magistratura, no Legislativo e a diferença é maior ainda o Executivo”, pontuou. A presidente a AATSP ressaltou no discurso que a homenageada é “admirada defensora dos direitos humanos e sociais”, disse Sarah Hakim.
Arlete Pacileo
Na opinião da jurista, o cenário tem evoluído nos últimos anos, mas ainda precisa de muito para melhorar. O ponto mais delicado é a questão do mercado de trabalho, acredita a homenageada.
“Em relação em trabalhos iguais, não estamos tão defasados. Melhorou bastante, mais ainda falta muita coisa. Falta também muita conscientização para os empregadores”, ressaltou.
Hakim ressaltou no discurso que a atuação de Arlete Pacileo foi de “absoluta independência, sem nunca valer de tradicional e exitoso escritório de seu cônjuge”, mencionou.
Sônia Maria Bueno Martins
De acordo com uma das referências no meio Jurídico, em pleno século XXI ainda há uma série de resistências em relação a igualdade de gênero. Para a advogada, até no Judiciário existem inúmeros empecilhos para que se evite a disseminação do feminismo.
“Existe muita resistência, sobretudo nos postos mais altos. Não há aquele reconhecimento que tanto exigimos, como o pagamento de salário. Esse evento é muito importante e mostra, escancara especialmente para a nossa classe da advocacia, que as vezes até a própria cultura nossa impede as coisas de fluírem melhor, pois infelizmente ainda é muito machista”, enfatizou.
Ao falar do perfil de Sônia Maria Bueno Martins, a presidente da AATSP disse que sua “história, militância e persistência bem-sucedida na carreira, conjugada na harmonia familiar inspira a comunidade jurídica, mas sobretudo as mulheres”, avaliou Sarah Hakim
Fonte: https://justicaemfoco.com.br/desc-noticia.php?id=133928& Continue reading →